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Biometria: o que é e quais os principais tipos?

Entenda o que é a biometria e como o reconhecimento biométrico pode ser usado em diferentes contextos de identificação e verificação de pessoas.

A palavra biometria vem do grego “bios” e “metro” que significam, respectivamente, “vida” e “medida”. O termo é usado justamente para se referir à “medida da vida” de cada pessoa. Isto é, uma característica que representa cada indivíduo de forma única.

Há muitos anos, essa técnica é aplicada para verificar a identidade de uma pessoa por meio de características físicas ou comportamentais exclusivas. Para além da conhecida impressão digital, usada no título de eleitor, por exemplo, hoje já são aplicados no mercado diferentes tipos de biometria, para diferentes contextos.

Mas por que a biometria é usada para identificar pessoas, substituindo até dados pessoais ou senhas? Entenda o conceito do que é biometria, como e quando pode ser usada e os tipos mais comuns na identificação e verificação de usuários.

O que é biometria? 

Biometria é a técnica que usa as características únicas de cada pessoa para a verificação da identidade dela em diferentes momentos. Ela se baseia em diversos traços físicos e comportamentais que não podem ser copiados e nem reproduzidos e, por isso, podem ser usados como “chaves” exclusivas de cada indivíduo.

Essas características podem ser físicas, como voz, rosto, digital, DNA, ou comportamentais, como a fala, a escrita e a forma de andar, como explicado no livro “Bio-privacy: privacy regulations and the challenge of biometrics” de Nancy Yue Liu, especialista em IT Law.

A autora cita que, na categoria de biometrias físicas, existem cinco propriedades desejáveis:

  • robustez, referindo-se às características que sofrem pouca ou nenhuma variação ao longo do tempo;
  • possibilidade de distinção entre as pessoas — a característica deve ser única;
  • disponibilidade para todas as pessoas — ou a um grande número;
  • acessibilidade da biometria para verificação;
  • aceitabilidade, ou seja, um tipo de biometria cujo uso não seja invasivo ou cause algum desconforto no usuário.

Yue Liu explica ainda que são os componentes de cada tipo de biometria que as tornam mais adequadas para determinadas situações.

Biometria: identificação e autenticação  

A maior parte dos sistemas que usa o reconhecimento biométrico tem duas finalidades: identificação e autenticação. Apesar de, à primeira vista, parecerem sinônimos, essas ações geram resultados diferentes.

A autenticação é feita de 1:1 (um para um), isto é, determinada característica que está sendo analisada é comparada com uma informação coletada desse mesmo indivíduo anteriormente.

Na identificação, a biometria realiza um processo de 1:n (um para n), comparando determinada característica com uma base de dados para tentar identificar quem é aquela pessoa.

Em um exemplo prático: Maria está usando a biometria de voz para liberar uma transação pelo WhatsApp. Essa tecnologia pode ser usada de duas maneiras: o banco pode solicitar que ela envie um áudio e, em poucos segundos, a biometria confirma que aquela é a cliente Maria — nesse momento, estamos falando de uma identificação.

Ou, conferindo o número do telefone, o banco identifica que é a Maria. Contudo, para saber se realmente é a Maria quem está do outro lado, é solicitado um áudio de confirmação — nesse caso, estamos falando de uma autenticação.

Autenticação e identificação

🔒 Leia mais: Anti-spoofing e liveness detection: entenda o que são e a sua importância

Importância e usos da biometria

Durante muito tempo, as senhas foram o principal componente de verificação de usuários em diversos tipos de serviço, desde bancos até aparelhos eletrônicos.  Contudo, o mercado começou a notar que esse mecanismo era responsável por muitos problemas de invasão de contas e fraudes.

O uso de senhas fáceis de adivinhar, o aumento do volume de vazamento de dados e o aumento das técnicas de engenharia social são alguns dos motivos para que esse tipo de senha passasse a ser vista como pouco segura. Por isso, diversos setores, principalmente aqueles ligados a transações financeiras em jornada digital, começaram a buscar soluções mais confiáveis.

A biometria ganhou grande destaque nesse cenário. Hoje, é usada na identificação, classificação, verificação, distinção e até para garantir a proteção de dados e informações.

O uso de impressões digitais foi o tipo de biometria mais comum, inicialmente, por já ser utilizado em muitos lugares, principalmente por forças de segurança, como a Polícia, e pelos governos para identificar cidadãos.

Muitos serviços também começaram a ser realizados por smartphones. A popularização desses dispositivos tornou necessário que fossem desenvolvidos novos mecanismos de segurança. Um marco importante foi a implementação da autenticação por impressão digital, por exemplo, para desbloquear a tela do celular.

Essa técnica, que inicialmente estava limitada aos iPhones, hoje já é vista em praticamente qualquer aparelho moderno — e também foi levada para fechaduras, computadores e outros sistemas.

Atualmente, já existem diversos tipos de biometria, cada um deles mais indicado para determinado contexto. A seguir, veja a aplicação desse recurso no sistema eleitoral brasileiro.

Biometria eleitoral

Na biometria eleitoral, a Justiça Eleitoral realiza a coleta da impressão digital, assinatura e foto de cada pessoa. A digital será usada no processo de votação como forma de autenticação da identidade do eleitor.

O sistema de votação brasileiro, desde 2008, realiza testes para implementação da biometria como fator de identificação dos eleitores. Ao longo dos anos, cada vez mais cidades foram adicionadas ao projeto de biometria eleitoral, até que em 2020 cerca de 120 milhões de brasileiros já haviam realizado o cadastro biométrico.

Essa ação é uma forma de garantir a segurança do voto, como explicado no site da Justiça Eleitoral. O plano, também visto no site, é que até 2026 quase 100% do eleitorado já esteja apto a votar por identificação biométrica.

Tipos de biometria 

Por se basear nas características de uma pessoa, diversos tipos de biometria foram desenvolvidos. Os principais são:

  • Impressão digital;
  • Biometria de voz;
  • Biometria facial, ou reconhecimento facial;
  • Biometria comportamental.


Entenda um pouco sobre cada tipo de biometria e sua aplicação prática:


biometria de vozImpressão digital

As impressões digitais são um tipo de biometria baseado na análise do padrão percebido nas pontas dos dedos de cada pessoa.


O uso da biometria em diferentes contextos é explorado há séculos, contudo, seu uso como forma de identificação de pessoas começa a ser visto muito tempo depois. Registros mostram contratos chineses em que impressões digitais são usadas para registrar a assinatura dos contratantes, como mostrado no livro “Finger prints, palms and soles. An introduction to Dermatoglyphics”, de Harold Cummins e Charles Midlo.


Do livro “Finger prints, palms and soles. An introduction to Dermatoglyphics”, de Harold Cummins e Charles Midlo. 

Por alguns anos, a biometria “corporal”, baseada no tamanho de partes do corpo e denominada antropometria, foi usada por agentes de segurança nos Estados Unidos para a identificação de pessoas acusadas de cometer algum crime.

Análises recentes mostram, entretanto, as bases discriminatórias por trás dessa ideia. Além disso, após algum tempo, ela foi substituída por uma técnica mais simples, que dava menos trabalho aos agentes: a impressão digital.


Ao longo dos séculos, o uso dessa técnica evoluiu e novos formatos de biometria começaram a ser explorados. A partir dos anos 1960, com o desenvolvimento dos primeiros softwares de computador, esse método começa a ganhar ainda mais possibilidades.


Biometria de vozBiometria de voz

A biometria de voz é o processo de identificação que considera um conjunto de características únicas produzidas durante a fala e usa essa informação na identificação ou autorização de uma pessoa.

Dentre elas, está o formato da onda sonora, que é impactada por características físicas do indivíduo, além da maneira como as palavras são ditas e o ritmo da fala. Essa captura combina características da biometria física e comportamental da voz.

Cada mecanismo ou sistema de identificação pode realizar esse processo de uma maneira diferente e a precisão dos resultados dependerá bastante disso. Um exemplo é o método de captura por espectrograma, nome dado a um tipo específico de imagem gerada pelas ondas sonoras de uma pessoa.

Nem mesmo um excelente imitador será capaz de realizar a biometria de voz em nome de outra pessoa. Isso porque os dados coletados a partir da voz são únicos e não podem ser repetidos.

A imagem gerada pela voz é capturada e ficará armazenada. Depois, caso seja preciso realizar a verificação de um usuário, a voz será captada novamente e usada para comparar com o material salvo.

É importante lembrar que a biometria de voz é diferente do reconhecimento de fala, feito por sistemas como Siri, Alexa e outras assistentes. O reconhecimento de fala está focado em entender o que o usuário está dizendo e entregar uma resposta, seja com uma ação ou com falas pré-programadas.

A biometria de voz, por outro lado, funciona identificando o indivíduo e, na maioria dos casos, não se atenta ao conteúdo do que está sendo dito. O foco está nas ondas sonoras produzidas e em acertar se a pessoa que está falando naquele momento é realmente quem diz ser. Por esse motivo, seu uso pode ser associado a mecanismos de segurança e prevenção à fraude.

🔒 Saiba mais: Como a biometria de voz é usada para validar PIX?

biometria facialBiometria facial, ou reconhecimento facial

A biometria ou reconhecimento facial considera características do rosto de cada pessoa como fator de identificação, comparando a captura com o registro da base de dados.

Essa tecnologia também tem sua popularização ligada ao iPhone. O Face ID foi lançado no iPhone X, e hoje já foi reproduzido em muitos outros aparelhos.

A tecnologia já era usada em alguns computadores e outros locais, como sistemas de aeroporto. A diferença apresentada pela Apple foi a qualidade e a facilidade do uso desse serviço, como explica Andrew Bud, da iProov no texto “Facing the future: the impact of Apple FaceID”.

Para além de desbloquear aparelhos, a biometria facial também pode ser usada em mecanismos de busca, câmeras de segurança e autenticação de usuários. Nos primeiros meses de pandemia, o recurso foi essencial em muitos serviços como uma garantia de identificação aliada à continuidade do distanciamento social.

Contudo, por estar vinculada aos traços físicos externos de cada pessoa, alguns problemas aparecem. Muitos desses sistemas baseados em reconhecimento facial, apresentam resultados tendenciosos quando usados por pessoas negras ou asiáticas, como explicado no artigo “Many Facial-Recognition Systems Are Biased, Says U.S. Study”, do The New York Times.

O relatório apresentado no artigo afirma que, dentre as tecnologias testadas, a grande maioria tem baixas taxas de precisão na identificação de mulheres negras.

biometria comportamentalBiometria comportamental


A biometria comportamental é uma modalidade baseada na análise, comparação e verificação dos padrões de comportamento de uma pessoa. Esse conjunto de fatores é mapeado e usado em processos de identificação.


Por exemplo, diversos smartphones coletam informações comportamentais dos usuários para serem usadas como fator biométrico. Algumas das questões analisadas, como explicado no artigo ”A survey on behavioral biometric authentication on smartphones”, de Ahmed Mahfouz e outros, são:


  • Identificação baseada em gestos, como a forma que cada pessoa usa o aparelho e a forma como você desbloqueia o seu celular;
  • Pressionamento das teclas, ou seja, como você digita e a pressão que faz para selecionar cada tecla;
  • Perfil comportamental, como o padrão de uso de aplicativos e serviços ou como a rede de wi-fi que você geralmente usa;
  • Maneira de andar, com o celular no bolso, ele é capaz de entender as suas características ao caminhar.


Todas essas informações são coletadas, transformadas em dados e, depois, avaliadas para gerar um padrão sobre a forma que usamos esses aparelhos. A principal diferença desse método é que a base para comparação precisa ser construída de forma contínua.


Qual biometria traz mais segurança?

Como mencionamos, as características de cada tipo de biometria são essenciais para saber o contexto da sua aplicação. Além disso, é importante ver também quais os pontos fracos e fortes de cada biometria para saber qual atenderá melhor a determinada situação, especialmente quando estamos falando de segurança.

Contudo, uma compreensão do mercado é a de que a combinação de fatores torna mais forte qualquer procedimento de verificação. Portanto, ao invés de apenas usar a biometria comportamental, por exemplo, o recomendado é combiná-la com outras etapas de segurança, como a biometria de voz.

Dessa forma, você constrói um sistema antifraude, uma solução mais robusta e com maiores chances de garantir a sua segurança e da sua empresa.

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