A autofraude, também conhecida como “fraude do estorno”, representa uma prática maliciosa em que indivíduos agem de má-fé utilizando seus próprios dados e contas para aplicar golpes.

Diferentemente de outras formas de fraude, a autofraude envolve a manipulação direta de informações pessoais e financeiras pelo próprio titular da conta, tornando-a uma ameaça singular e desafiadora de ser combatida.

O que é autofraude?

A autofraude se configura quando um cliente realiza uma transação legítima, recebe a mercadoria ou usufrui do serviço, para posteriormente apresentar uma disputa junto ao banco ou ao emissor do cartão de crédito. O intuito desonesto por trás dessa ação é obter um reembolso, resultando no chargeback para o comerciante, alegando falsamente que não recebeu o produto ou serviço adquirido.

Devido ao fato de a autofraude iniciar-se como uma transação legítima, a sua prevenção torna-se muitas vezes desafiadora. Entretanto, tal dificuldade não deve dissuadir os comerciantes de reconhecerem a autofraude como uma ameaça séria e agirem proativamente para minimizar os impactos em seus negócios.

É essencial estar ciente dessa prática enganosa, adotar estratégias para sua detecção precoce e implementar medidas de segurança adicionais para proteger tanto os interesses do consumidor quanto do comerciante.

Autofraude: como identificar?

Detectar uma autofraude não é uma tarefa simples. Muitas vezes, o comerciante online só percebe a ocorrência quando já experimenta as consequências financeiras, com a entrega do produto realizada e o pagamento não recebido.

Nesse cenário, é altamente recomendável contar com tecnologia avançada e expertise humana nesse tipo de análise. As soluções antifraude mais robustas disponíveis no mercado atualmente são capazes de mapear minuciosamente as atividades de fraudadores, permitindo a identificação de padrões suspeitos antes que causem danos financeiros.

O uso da biometria, como a biometria de voz, também pode ajudar a inibir, uma vez que o usuário precisa autenticar sua identidade, comprovando ser ele mesmo. Deste modo, caso o fraudador peça o reembolso alegando não ter realizado a compra, a biometria de voz ajuda a comprovar que a transação foi feita por ele.

Em relação à autofraude, é possível adotar ainda medidas para evitar que um fraudador execute o mesmo golpe em diferentes estabelecimentos. Isso se deve ao efeito de rede gerado pela atuação em uma extensa base de dados compartilhada, que possibilita a proteção simultânea de milhares de lojas.

Essa abordagem colaborativa torna-se eficaz na prevenção de futuras ocorrências, uma vez que informações compartilhadas permitem uma resposta proativa e antecipada diante de atividades fraudulentas.

Os prejuízos da autofraude

A autofraude impõe prejuízos significativos a diversas partes envolvidas, incluindo consumidores, empresas e instituições financeiras:

Impacto nas empresas

Empresas que vendem produtos ou serviços online enfrentam prejuízos financeiros significativos devido à autofraude. Além disso, a reputação da empresa pode ser danificada, afetando a confiança dos consumidores.

Custo operacional para instituições financeiras

Instituições financeiras suportam custos operacionais consideráveis ao lidar com disputas de estorno e investigações associadas à autofraude. Esses custos podem ser repassados aos clientes ou impactar os lucros da instituição.

Risco de exclusão de serviços

A reincidência de autofraude por parte de determinados clientes pode levar a sua exclusão de serviços, prejudicando a conveniência e a acessibilidade a produtos financeiros.

Desafios legais

A resolução de disputas de estorno e a busca por responsabilização legal podem envolver processos demorados e custosos, acrescentando um ônus adicional para todas as partes envolvidas.

Chargeback: um dos problemas da autofraude

É crucial destacar que um chargeback não é exclusivamente resultado de uma autofraude. Em primeiro lugar, todos os tipos de fraudes podem desencadear um chargeback.

Em segundo lugar, um chargeback não é automaticamente vinculado a uma atividade fraudulenta; ele pode ocorrer legitimamente quando um cliente não recebe seu pedido, quando o produto está defeituoso ou até mesmo quando o pedido é cancelado.

No contexto específico da autofraude, um chargeback é provocado pela intenção premeditada do fraudador de cometer um crime. O indivíduo recebe o produto e solicita o estorno, alegando falsamente que não o recebeu.

Em outras palavras, ele utiliza de maneira maliciosa e desonesta um mecanismo originalmente projetado pelas operadoras para proteger os consumidores contra fraudes.

É importante recordar que os estornos de compras foram concebidos inicialmente pelos emissores de cartões de crédito como uma salvaguarda para os consumidores. No entanto, o processo tornou-se tão acessível que pessoas mal-intencionadas conseguem manipular esse sistema.

Em alguns casos, consumidores que têm uma reclamação legítima optam por não abordar diretamente o comerciante. Em vez disso, eles levam a questão ao emissor do cartão. Infelizmente, esses clientes podem não perceber, ou simplesmente ignorar, que essa prática prejudica o comerciante, impactando negativamente as operações comerciais.

Como evitar a autofraude?

A prevenção da autofraude é desafiadora, dada a natureza única desse tipo de golpe, mas existem algumas medidas que podem ser adotadas para reduzir o risco:

Monitoramento regular de contas

Os titulares de contas devem estar atentos às atividades em suas contas bancárias, cartões de crédito e outros meios de pagamento. Revisões periódicas dos extratos ajudam a identificar transações suspeitas.

Segurança de dados pessoais

A proteção dos dados pessoais é crucial. Manter senhas seguras, utilizar autenticação de dois fatores e evitar compartilhamento de informações confidenciais são passos importantes para impedir o acesso não autorizado às contas.

Verificação de transações

Ao realizar transações online, é fundamental verificar cuidadosamente os detalhes (como seu nome, endereço de entrega e forma de pagamento) antes de confirmar a compra. Essa prática pode ajudar a identificar atividades fraudulentas antes que causem prejuízos substanciais.

Educação financeira

Promover a educação financeira é essencial. Conscientizar os consumidores sobre os riscos da autofraude e instruí-los sobre práticas seguras de transação online contribui para uma comunidade mais segura.

Análise de padrões de comportamento

Empresas e instituições financeiras podem implementar sistemas avançados de análise de dados para identificar padrões incomuns de comportamento nas transações. Isso pode incluir a detecção de repetidas contestações de estorno por parte do mesmo usuário.

Biometria de voz para prevenir autofraude

A biometria de voz é uma tecnologia que utiliza características únicas da voz de uma pessoa para autenticar sua identidade. Ela pode desempenhar um papel significativo na prevenção da autofraude, oferecendo uma camada adicional de segurança e autenticação. Aqui estão algumas maneiras pelas quais a biometria de voz pode coibir a autofraude:

Identificação precisa

A biometria de voz é capaz de identificar padrões específicos na voz de um indivíduo, como entonação, frequência e ritmo. Isso proporciona uma autenticação mais precisa, impossibilitando aos fraudadores replicarem com sucesso a voz de um usuário legítimo.

Dificuldade na reprodução da voz

Diferentemente de senhas e códigos, a voz é uma característica biométrica que é difícil de ser replicada. Tentativas de imitar a voz de outra pessoa, como o deepfake de voz, especialmente com o intuito fraudulento, enfrentam desafios consideráveis, tornando a biometria de voz uma medida de segurança eficaz.

Detecção de fraudes em tempo real

Sistemas de biometria de voz podem monitorar e analisar padrões durante uma conversa em tempo real, em um atendimento de call center, por exemplo. Isso possibilita a detecção imediata de anomalias ou sinais de manipulação, ajudando a prevenir a fraude antes que ela ocorra.

Resposta dinâmica a alterações

A voz de uma pessoa pode variar em diferentes situações, como ao falar rápido, lento, com emoção ou em ambientes barulhentos. A biometria de voz da Minds Digital é projetada para se adaptar a essas variações, garantindo uma autenticação robusta mesmo diante de mudanças naturais na fala.

Integração com outras camadas de segurança

A biometria de voz pode ser integrada a outras medidas de segurança, como autenticação multifatorial. Combinar diferentes métodos de verificação torna mais desafiador para os fraudadores burlarem as proteções existentes.

Redução de chargebacks

No contexto de transações financeiras online, a biometria de voz pode contribuir para a redução de chargebacks relacionados à autofraude. Ao autenticar a identidade do usuário no momento da transação, ela ajuda a garantir que apenas usuários legítimos possam realizar estornos.

Facilidade de uso

A biometria de voz é convenientemente não intrusiva, pois não requer dispositivos adicionais e pode ser implementada em sistemas existentes, proporcionando uma experiência de usuário mais fluida e ao mesmo tempo segura.

Acessibilidade

Além de ser fácil de usar, pessoas com deficiência conseguem ter mais autonomia para usar a biometria de voz, tornando essa solução mais acessível para ser empregada em larga escala.